CRÍTICA | Coringa: Delírio a Dois (2024)


O aguardado Coringa: Delírio a Dois traz de volta o perturbado personagem de Arthur Fleck, agora acompanhado por sua nova parceira, Harley Quinn, ou Lee, vivida por Lady Gaga. O filme tenta explorar a dinâmica doentia entre os dois, misturando elementos de musical com o tom sombrio que marcou o sucesso do primeiro filme. Porém, a obra deixa muito a desejar.

A trama segue Arthur em sua internação/prisão no Asilo Arkham, onde conhece Lee, uma paciente em tratamento psiquiátrico que logo sucumbe à insanidade e se torna cúmplice de seus delírios. O filme tenta aprofundar o relacionamento entre os dois, enquanto intercala cenas de drama com momentos musicais – uma escolha ousada que não funciona como esperado.

Um dos maiores problemas do filme está no roteiro, que se perde em incoerências. Há inúmeros furos narrativos que enfraquecem a imersão do espectador. Um julgamento que ninguém entende o motivo real, pois durante o filme se apresenta várias motivações. O relacionamento entre os protagonistas é mal desenvolvido, com transições bruscas e pouca construção emocional. Situações que deveriam carregar peso dramático acabam soando artificiais e desconexas.

Enquanto o roteiro falha, uma das poucas assertivas do filme é a fotografia. Quando em diversos momentos você está entediado ou não entende nada que está acontecendo, seus olhos se encantam com cada posicionamento, cor e visual posto em cena.


Lady Gaga, que prometia ser um dos pontos altos do filme, infelizmente não entrega o que se esperava. Sua atuação parece desorientada e exagerada, falhando em capturar a complexidade psicológica de Harley Quinn. O talento vocal de Gaga, que poderia ser um trunfo nos números musicais, também não impressiona – as canções parecem deslocadas e, muitas vezes, desnecessárias, contribuindo para uma quebra de ritmo constante.


Aliás, as cenas musicais em si são um dos grandes problemas do filme. Em vez de agregar à trama, elas parecem enfiadas à força, servindo mais como um artifício estilístico vazio do que uma forma de aprofundar os personagens ou a narrativa. Esses momentos, em sua maioria, são repetitivos e arrastados, minando o impacto das cenas mais intensas.

Comparado ao primeiro Coringa, que surpreendeu com sua profundidade e crítica social, Delírio a Dois falha em fazer jus ao antecessor. A tentativa de misturar gêneros e aprofundar o relacionamento entre Coringa e Lee acaba sendo mal executada, deixando o filme sem a força dramática e o impacto emocional que se esperava.

Curiosamente, os minutos finais são o ponto alto do filme. Depois de duas horas de narrativa desconexa, o desfecho finalmente entrega a intensidade que o público tanto esperava. É uma pena que essa força venha tão tarde e não compense o restante da obra.


No fim, Coringa: Delírio a Dois é uma experiência frustrante, com um roteiro fraco, uma Lady Gaga aquém das expectativas e cenas desnecessárias que prejudicam o fluxo da história. O que poderia ser uma continuação memorável acaba se tornando uma decepção para os fãs do primeiro filme.

Caso ainda queira assistir, Coringa: Delírio a Dois estreia hoje, 03 de outubro, em todo o Brasil.

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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