Depois de Bohemian Rapsody e Rocketman, cinebiografias de Freddy Mercury e Elton John, respectivamente, agora temos Elvis, a cinebiografia do Rei do Rock, Elvis Presley. E não há como não comparar esses três filmes. Mas o que Elvis traz de novo? E o que podemos conhecer da vida de Elvis que já não sabíamos?
Inicialmente,
é interessante falar sobre a escolha da voz narrativa, que não é colocada no
protagonista, mas sim em seu ex-agente Tom Parker (Tom Hanks), como uma
tentativa do personagem de se livrar das acusações de ter provocado a morte de
Elvis Presley (Austin Butler).
O
filme já começa deste ponto, Coronel Parker, em seus últimos dias no leito de
morte, tentando não se culpar pela morte do Elvis e provando que sem ele o
cantor não seria nada.
Isso já é uma escolha de produção peculiar, se levarmos em consideração que o filme não aborda a infância do protagonista logo de cara, mas sim partir do momento em que Parker descobre a existência de um cantor branco que mistura músicas consideradas de negros e brancos.
O
filme vai abordar todos os aspectos da vida do cantor, desde o crescimento da
carreira de sua carreira até a morte. Inclusive, a importância de Elvis para o
movimento negro dos EUA, a quebra de padrões da época e a mudança de meio de
entretenimento em busca de continuar com a fama.
Só que o que poderia ser controlado no começo, acaba virando um caos de edição. O filme tem um total de 2h40m, e a primeira metade tem um tom tão frenético que é quase impossível você acompanhar tudo que acontece. São tantos cortes, tantas mudanças de cenários, ambientes, personagens que fica confuso para quem assiste.
A
primeira hora do filme dá a impressão de ser um grande trailer que precisou de
horas de edição e cortes para ficar naquele modelo. Em certos pontos isso até
pode fazer com que flua melhor, e não deixe passar nada da história do rei, mas
imagine, do momento em que Elvis é levado para servir no exército americano na
Europa, seu casamento com Priscilla Presley (Olivia DeJonge) e o nascimento de
sua filha, decorre aproximadamente 10 minutos de filme, e todos os fatos são
apresentados.
Já a
segunda metade consegue manter um ritmo mais agradável para o expectador,
trazendo muito mais momentos de tensão e drama para a história, já que deixa de
focar em tudo que acontece ao redor do protagonista para focar na relação
conturbada entre o cantor e seu empresário.
Talvez
o que deveria ser o atraente ao público, foi justamente onde o filme erra.
Quando vemos uma cinebiografia, o que mais nos interessa é justamente conhecer
melhor a vida de quem é representado. Em Elvis, o pecado é justamente esse,
tentar expor muita coisa em “pouco tempo”. Talvez, se desde o início tivessem
focado apenas na relação de Elvis e Parker, não seria tão corrida.
Apesar
disso, de forma alguma o filme pode ser descrito como ruim. Longe disso, ele
consegue prender o expectador do começo ao fim, e isso acontece principalmente
por dois fatores, os efeitos visuais e atuação.
Austin
Butler foi, sem dúvida alguma, a surpresa imensa desse filme. O ator entrega
tão bem o Elvis, que em determinados momentos você não consegue diferenciar se
é uma cena do filme ou algo retirado de gravações originais do cantor.
É
agora que causo a discórdia. Rami Malek recebeu o Oscar de Melhor Ator pelo
papel de Freddy Mercury e não foi tão impactante. Enquanto, Taron Ergeton,
intérprete de Elton John, não foi sequer indicado e entregou muito mais. Austin
não foi tão bom quanto Ergenton, mas foi muito melhor que Rami. Será que ele
terá sua indicação?
Outro
que não posso deixar de comentar é Tom Hanks no papel do Coronel Tom Parker.
Nunca tinha assistido um filme com Hanks que me fizesse odiar o personagem, mas
aqui, o ódio vem do começo ao fim, demonstrando que o ator consegue sim
entregar o que for necessário, seja o mocinho, seja o vilão.
Não
podemos também de deixar de falar do processo de caracterização, seja através
do figurino ou da maquiagem. Está tudo tão impecável que é notório para as
mudanças físicas e temporais durante o desenvolvimento da história. O mais
positivo é a transformação de Tom Hanks, que está irreconhecível e a mudança
corporal de Elvis no fim de sua vida.
Por
fim, não sei se o filme precisaria ter 2h40m, mas ele cumpre com seu papel de
contar uma história. Além disso, mostra situações que até mesmo fãs podem
desconhecer. Ou seja, o filme é uma obra prima e vale muito a pena assistir.
E no
final Elvis morreu apenas por amor aos fãs.
Elvis estreia hoje, 14 de julho (Dia Mundial do Rock), no cinemas do mundo todo.