Infelizmente, muitos dos lançamentos previstos para este ano não chegaram às
telonas e tivemos que nos contentar com assisti-los pela televisão, como foi o
caso de Mulan. Entretanto, para salvar nosso ano da monotonia, Warner e DC
resolveram lançar Mulher Maravilha 1984 ainda neste finalzinho de ano. Será
que foi uma boa aposta?
O único outro grande lançamento da DC este ano foi Aves de Rapina: Arlequina e
Sua Emancipação Fabulosa, que apesar de ter conseguido uma boa bilheteria,
ainda sofreu pelos impactos da pandemia. Além disso, não chega perto de ser um
filme memorável. Talvez por isso, a decisão de liberar Mulher Maravilha ainda
este ano.
Pode até não ter sido o melhor momento para o lançamento de um filme tão
grandioso como este, mas podem ter certeza, Mulher Maravilha 1984 é o
lançamento perfeito para finalizar este ano.
Quando lançado em 2017, Mulher Maravilha conseguiu dividir opiniões sobre a
qualidade do filme. Muitas críticas de cunho machista, outras realmente
fundamentadas. Na opinião de alguns, aquele era o melhor filme do novo
universo que a DC estava começando a criar, e logo substituído por Aquaman (eu
prefiro Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas). Mas agora venho com total
certeza, Mulher Maravilha 1984 vem para fincar seu posto de melhor filme da
DC, por diversos aspectos.
Neste novo filme, acompanhamos Diana (Gal Gadot) fazendo apenas pequenos
“bicos” como Mulher Maravilha, com seu trabalho como antropóloga e ainda
sofrendo pela perda de Steve (Chris Pine). Enquanto isso, uma pedra milenar
que realiza qualquer desejo é descoberta e isso pode trazer grandes problemas
para a humanidade.
Com um roteiro muito mais conciso e decidido, trazendo muito mais para o lado
dramático do que para a ação, conseguimos acompanhar muito bem a evolução da
personagem tanto como “ser humano” como heroína, com a apresentação de novos
poderes, habilidades e fragilidades. Trazendo uma certa humanização que a
Mulher Maravilha não era explorada antes.
Inclusive, isso é parte da narrativa, que mostra como Diana, apesar de toda
sua inteligência, força e beleza, tem inúmeras fragilidades que as pessoas não
conseguem enxergar, como por exemplo a solidão.
Além disso, vários pontos importantes da discussão social são abordados, como
o assédio (retratado desde o assédio moral até o sexual) e as questões
armamentistas, pontuando os grandes problemas de entregar uma grande
quantidade de armas nas mãos de apenas um país ou de uma população.
E vale ressalta que há uma constante humanização de todos os personagens, inclusive dos vilões, podendo render momentos de choros e muitas lágrimas.
O único ponto fraco do filme fica por parte da computação gráfica, que talvez por tentar fazer referência à série da década de 1980, em diversos momentos parece com algo mal feito e sem lógica. Além disso, o traço de Zach Snyder com várias cenas em slow motion, faz com que fique mais visível esses erros. Apesar disso, não é nada que incomode visualmente.
Por isso, se você está disposto a sair de casa para ver algo visualmente bonito e uma história muito bem desenvolvida sobre autodescoberta com um toque de ação, Mulher Maravilha 1984 é a escolha certa. O filme estreia hoje, 17 de novembro, no Brasil.